HISTÓRICO DO CARMELO


Todas as obras de Deus são manifestações claras de Seu poder, de Sua bondade e, sobretudo, de Seu infinito amor!
Na história de nosso Carmelo, é palpável a ação de Deus, que Se serviu de Dom Delfim Ribeiro Guedes e de Madre Maria Imaculada da Ssma. Trindade, unidos, desde os mais tenros anos, por laços de amizade.
Nascidos em Maria da Fé (MG), foram criados num ambiente de grande religiosidade, encontrando-se 5 e 4 anos, respectivamente, já preparados para a Primeira Eucaristia. Não teriam eles, naquele feliz dia, oferecido seus coraçõezinhos ao Senhor, recebendo, ali, a sementinha da vocação Sacerdotal e Religiosa? Provavelmente sim, pois era notório o zelo apostólico daquelas duas criancinhas, manifestado no trabalho em prol das Missões e na vida de piedade que levavam. Delfim, fervoroso coroinha. Maria Giselda Vilela, Zelada do Apostolado da Oração, cumpria o que lhe era prescrito, marcando nos dedinhos as Ave-Marias. Acentuava-se, também, sua grande devoção a Nossa Senhora, a quem oferecia os sábados e a São José, a quem oferecia as quartas-feiras.
Os anos passaram-se! O tempo separou-os, mas a mão de Deus os aproximaria novamente, unindo-os por um mesmo ideal!
Delfim ingressa no Seminário. É enviado por D. Octávio C. de Miranda, Bispo de Pouso Alegre, para Roma, onde completaria os estudos finais. Adoece!!! Não poderia ser admitido no Seminário Maior da Cidade Eterna! Não desanima! Confiante em Deus que o chamara, apela para Santa Teresinha do Menino Jesus, indo a Lisieux.
Junto ao seu túmulo, pede-lhe a cura e a graça da Ordenação Presbiteral, fazendo a promessa de trabalhar para a fundação de dois Carmelos. E a Santinha das rosas obtém do Senhor a cura imediata do jovem seminarista! Assim, aos 25 de outubro de 1931, em Roma, é Ordenado Presbítero.
Nesse meio tempo, sua amiga de infância, Maria Giselda, aos 14 anos, experimenta também a bondade de Deus. Submete-se à delicada cirurgia para a extração de um tumor na perna esquerda (virilha), que, um mês depois, reaparece de forma surpreendente. É levada para o Rio e novamente operada por ótimos especialistas, que comunicam aos seus pais a gravidade do caso. O exame dera positivo: Câncer! Nenhuma esperança de vida, pois a medicina nada mais poderia fazer! Mas, os pais, Manoel e Maria Vilela, respondem aos médicos que confiam o caso à medicina do Céu!
Entram em uma Igreja, onde se festejava Sto. Expedito, para eles desconhecido. Fazem uma promessa! Condoídos, os médicos apelam para a radioterapia e, por 2 horas, eram feitas as aplicações, com sérias conseqüências até o fim da vida de Maria Giselda.
Recuperada a saúde – o que parecia impossível – ela retorna aos estudos, aperfeiçoando-se também em música, pintura, desenvolvendo sua capacidade artística. Termina o magistério. Durante um ano, leciona no Colégio das Irmãs da Providência, em Itajubá, onde se formara.
Seu ideal era “ser muito rica, possuir carros, bela casa para morar só com os pais”. Agora, porém, já pensa em ser Religiosa. Conhecedora da vida de Santa Teresa de Ávila, de Santa Teresinha, faz opção pelo Carmelo! Quer ser carmelita e, assim, deixa tudo: família, que tanto amava, bens que possuía, amigos, etc...!           Encontrou a “pérola preciosa” de que nos fala o Evangelho! Ingressa no Carmelo de Santa Teresinha, em Campinas em 29 de novembro de 1930, recebendo o Hábito de Nossa Senhora do Carmo em 12 de abril de 1931. “Ninguém há que tenha abandonado, por amor do reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais, ou seus filhos, que não receba muito mais, neste mundo e no mundo vindouro, a vida eterna” (Lc. 18,29).
Após a Ordenação Presbiteral, Padre Delfim regressa ao Brasil e a promessa feita junto ao túmulo de Santa Teresinha, conservada bem viva em sua alma, passa a ser o ideal de sua vida. Procura realizá-lo aqui em Pouso Alegre, adquirindo as casas adjacentes à Igreja do Rosário e, imediatamente, comunica a Dom Octávio, recém operado em Campinas, o seu projeto de fundação do Carmelo. D. Octávio, preocupado por saber da futura nomeação de Cônego Delfim para Bispo de Leopoldina (MG), responde: “Nunca pensei que houvesse a possibilidade de termos um Carmelo em Pouso Alegre. Mas, quando Deus quer, tudo se torna fácil”. E já solicita ao Carmelo de Campinas algumas Carmelitas, sendo atendido por Madre Ângela e Comunidade.
Cônego Delfim organiza uma Comissão Patrocinadora, dando início à adaptação da casa, instruindo o povo a finalidade do Carmelo, promovendo uma campanha de trabalho e oração. O terço de Maria, formando Rosário vivo, foi o alicerce do Carmelo de Pouso Alegre, razão pela qual foi empreendida a mesma campanha por ocasião do Jubileu de Ouro de fundação do referido Carmelo.
Em 3 de outubro de 1943, Cônego Delfim é Sagrado Bispo e, no dia 25 do mesmo mês, quatro Carmelitas deixam o Carmelo de Campinas: Madre Maria Imaculada da Santíssima Trindade, Priora (justamente a amiga de infância de D. Delfim); Ir. Maria Conceição das Cinco Chagas, sub-priora; Ir. Maria Cristina do Espírito Santo e Ir. Maria Madalena do Precioso Sangue.
No dia seguinte – 26.10.1943 – Missa Solene, durante a qual Dom Octavio, cheio de entusiasmo e bastante emocionado, explicou aos fiéis, que em grande número participava da cerimônia, o que significava o Carmelo: “Escola de oportunos ensinamentos, especialmente de recolhimento e penitência; uma fonte de grandes benefícios para todos; Casa Oficial de Oração, espécie de banco Espiritual, onde todos têm crédito para atender às suas necessidades”.
Após a leitura do decreto da Santa Sé, para a Fundação do “CARMELO DA SAGRADA FAMÍLIA”, nome escolhido por uma das benfeitoras, agradecimentos de Dom Octávio a Dom Delfim que, num gozo espiritual imenso, via cumprida a sua promessa; agradecimentos a todos que colaboraram para a realização da grande obra; o canto solene do “TE DEUM” pôs termo às cerimônias na Igreja do Rosário. No Mosteiro, Dom Delfim procedeu à entronização do Sagrado Coração de Jesus e Madre Maria Imaculada fez a Consagração a Nossa Senhora do Carmo, ali representada por uma linda imagem, que acompanhou as Fundadoras desde Campinas, tomando-A como Priora Perpétua e Mãe do Carmelo da Sagrada Família de Pouso Alegre.
Entregando D. Octavio às chaves à Priora – Madre Maria Imaculada – fecha-se a clausura, iniciando-se, assim, a vida carmelitana em nossa cidade.
Com o passar do tempo, foi crescendo o número de pretendentes ao Carmelo e nele ingressaram aquelas jovens que seriam o apoio de Madre Maria Imaculada, pois as 3 Irmãs que vieram para a Fundação, retornam ao Carmelo de Campinas. Sozinha, com um pequeno grupo de noviças, Mãezinha – título que lhe foi dado por decisão unânime da Comunidade – leva adiante a grande obra naquele começo tão difícil.
Após 14 anos de permanência na casa provisória, que já não mais oferece segurança, estando o telhado em perigo de ruir, multiplicando-se as trincas nas paredes, Mãezinha decide dar inicio à construção do Carmelo regular, embora não dispusesse de nenhum meio, a não ser a sua grande confiança em Deus! É proposta e aceita, pela pequena Comunidade, a eleição de uma “Comissão Celeste pro - construção”, que nos conseguiria os meios necessários, inclusive a licença de D. Octávio, para quem “dar início à construção do Carmelo regular, sem ter nenhum recurso, já não era mais confiar em Deus, mas tentar a Deus”... Mãezinha, porém, seguia as pegadas de Teresa de Jesus e João da Cruz, em sua decisão e confiança na Providência Divina!
O Menino Jesus, em uma estampa, como DIVINO ESMOLER, bateu em muitas portas, de norte a sul do Brasil, envolvendo a muitos com a ternura de seu olhar e a doçura de seu sorriso! Conquistou corações! Assim, em 29 de setembro de 1957, efetuou-se a transladação para o novo prédio, no qual nos encontramos. Juntamente com D. Oscar, D. Octavio se fez presente. Bastante comovido dizia: “Realmente, aqui está o dedo de Deus!”. A Capela e o muro seriam construídos anos depois.
Nunca faltaram, à Mãezinha, o apoio e o auxílio dos Pouso-alegrenses e das cidades vizinhas, em todos os momentos do Carmelo!
Ressaltamos, aqui, como preito de Gratidão, a figura do Sr. Fernando de Oliveira Côrtes, que, durante anos e anos dedicou-se inteiramente ao Carmelo, servindo a seu “Patrãozinho”, nome que ele dava ao Menino Jesus. Já no Céu, recebe o prêmio eterno, pois na terra não desejou pagamento algum pela direção das obras deste Lar da Sagrada Família, desde os seus alicerces.
Abençoados foram os 58 anos de Vida Religiosa de Mãezinha – 13 anos em Campinas e 43 em Pouso Alegre. As suas obras testemunham tal verdade! Eis o nosso Carmelo! Eis o Carmelo de Campos (RJ), para o qual ela doou 9 Irmãs! Paralelamente à construção do Mosteiro, da Capela, Mãezinha preocupava-se, mais ainda, em modelar almas.
Diz o salmista: “Quando se vai, vai-se chorando, ao se levar e lançar a semente! Quando se vem, vem-se cantando, trazendo-se os feixes!” Mãezinha veio e lançou a semente deste Carmelo, em meio a muitos e grandes sofrimentos. A vontade de Deus, que ela abraçava em todos os instantes de sua vida, levou-a para o Carmelo do Céu, em 20.01.1988.

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